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QuartoSala entrevista Marisa Ota: Curadora da Paralela Móvel

06/02/2012

Os designers de interiores da QuartoSala entrevistam Marisa Ota, designer brasileira e curadora da Paralela Móvel, a Feira Internacional de Design de Mobiliário que começa dia 7 no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

 

Os designers de interiores da QuartoSala entrevistam Marisa Ota, designer brasileira e curadora da Paralela Móvel, a Feira Internacional de Design de Mobiliário que começa amanhã, dia 7, e que decorre até dia 11 no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Entrevista por email

A Paralela Móvel é uma Feira Internacional de Design de Mobiliário. Está na sua 2ªedição. Que preocupações você teve na hora de escolher os expositores?
Buscamos selecionar tudo que consideramos o melhor do design nacional. A maior parte dos nossos expositores caracterizam-se pela produção em pequena escala, autoral, e pelo uso de novos materiais e tecnologia. Essa curadoria torna a Paralela uma feira diferente das demais do segmento. Para mim, um de seus principais legados é o posicionamento dos expositores no mercado. Um dos exemplos é a marca Cia Mao, que já esteve na Paralela Gift, e cujos “calçados interativos” propostos pela designer e criadora da marca, Priscila Callegari, conquistaram reconhecimento nacional e internacional, com premiações como o IDEA/BRASIL 2008 (ouro), IDEA 2008 (bronze), TOP XXI 2009 (1ºlugar) e BRAZIL DESIGN AWARD.

 

Se a Inovação foi um desses critérios, hoje em dia o que define a inovação numa peça de design?
Inovação pra mim é conhecimento, pesquisa e personalidade na execução de um novo produto.

 

Que novos materiais são esses?
Quando falo em novos materiais, refiro-me ao uso diferente que os expositores dão aos materiais, como o aço, a madeira sustentável, a cerâmica, e até mesmo o plástico. É a criatividade gerando design de qualidade.

 

Sobre os expositores brasileiros, houve alguma preocupação em  manter equilibrado o número de participação de expositores nacionais e internacionais?
É muito gratificante recebermos talentos vindos de outros países. Nesta edição há uma mistura cultural de conhecimento. Trabalhos inspirados, e também trazidos, de Portugal, Nova Zelândia, Austrália e Argentina estarão na feira. Aliás, temos o prazer de abrir espaço a um grupo de design argentino que chega à feira com a proposta de representar a identidade local, ao mesmo tempo nossa, um DNA latino americano, com originalidade e alta qualidade. E, claro, o trabalho brasileiro, presente desde sempre na trajetória da Paralela.

 

O que define hoje em dia o Design brasileiro ou a ‘Brasilidade’ no design nacional?
A ‘brasilidade’ no design para nós é o resgate da cultura brasileira traduzido em forma de produtos para casa. Em uma edição anterior da Paralela Gift tivemos um projeto especial em que a empresa Lyptus® e designers convidados lançaram uma coleção especial, feita a partir da madeira Lyptus extraída de florestas renováveis com manejo sustentável e certificado, durante a feira. Foi um projeto que fizemos em parceria. A variedade de repertório dos talentos brasileiros se deve à capacidade de reconhecer os meios disponíveis de produção e criar de acordo com eles. De alguma maneira, todos refletem uma volta à cultura e ao modo de vida do brasileiro.

 

Como acha que o design brasileiro está sendo reconhecido no mundo? É entendido como sinónimo de que valores?
Acredito que a força da identidade brasileira está nos elementos da cultura popular aliado `a liberdade e criatividade dos nossos designers. Temos talentos que estão ganhando espaço no mundo a partir desse trabalho, muitas vezes substituindo e conciliando a alta tecnologia pelo fazer manual. Temos como exemplo a Galeria Espasso, em Nova York, que é totalmente especializada em design brasileiro. É uma referência para os designers e, claro, apresenta com seu devido valor o design brasileiro para o resto do mundo.

 

A transformação social que o Brasil sofreu nos últimos 8 anos, e o crescimento econômico do país, acabou favorecendo o crescimento do design ?  
Não só do design, mas de outras áreas, e no final tudo está interligado. O Brasil vive um bom momento econômico, e isso colabora com o crescimento do design. Temos aqui muitos programas criados para levar o trabalho de artesãos de todo país aos grandes centros de varejo. Temos o trabalho dos Sebrae espalhados nos grandes centros do Brasil incentivando essa produção. Isso talvez em menor escala. Mas em grande escala também temos grandes fabricantes.

 

Que tendências identifica hoje em dia como grandes linhas orientadoras no design de interiores, a nível mundial?As pessoas vão procurar cada vez mais produtos sustentáveis, orgânicos, íntimos, funcionais, afetivos, e que resgatem a memória familiar. Vivemos um momento de passar mais tempo com a família, em casa, apreciando o que sempre tivemos ao nosso alcance, mas que até então não era valorizado da forma correta.