O Salão “Maison & Objet”, que acabou de encerrar as portas da sua 16ª edição em Paris pode não ser o maior referencial no universo das feiras internacionais de Design de Interiores.
Pode até rivalizar em dimensão com nomes indestronáveis como Milão, Colónia ou Frankfurt. Mas não há dúvidas que a “Maison & Objet” se mantém como uma das feiras mais apetecíveis e sedutoras, destacando-se enquanto plataforma de reflexão sobre os novos desígnios do Design de Interiores, ao mesmo tempo que oferece o mais amplo leque de opções para quem procura novidade e surpresa.
Se os designers perseguem cada vez mais valores alternativos, e uma nova moral que possa conferir coerência às propostas de decoração que colocam em cima da mesa dos seus clientes, então a prova disso está nos números que continuam a confirmar a forte afluência a este evento internacional.
Para além de conseguir alargar o número de expositores, o que por si só é já um feito nos tempos que correm, a “Maison & Objet” tem o grande mérito de conseguir colocar o mundo inteiro a falar a mesma linguagem durante os seis dias em que se mantém como foco de interesse do mercado. É uma língua transversal a todas as áreas da decoração presentes no evento, tendo como fio condutor a criação, a novidade e a surpresa em todas as suas manifestações.
Nem por acaso, Philippe Starck, o grande homenageado deste ano, colocou a fasquia um pouco mais alto ao convidar 10 jovens designers franceses a expor as suas criações em resposta à pergunta: “O que nos faz falta?” Ironicamente, ou não, esta é a pergunta que todos nós fazemos no ambiente de pós-crise que atravessamos, em que os consumidores adquiriram uma nova consciência e debatem-se para encontrar formas de consumo mais justas, mais ricas e mais equilibradas. Ao desperdício, ao efémero e à criação sem sentido, estes dez designers respondem com obras que transpiram qualidade e respiram longevidade, preocupações ecológicas e muita poesia.
E é interessante ver como a palavra ‘POESIA’ faz a sua grande entrada no vocabulário do Design como um atributo incontornável da criação. É aliás essa a grande lição que Philippe Starck nos tem conseguido transmitir ao longo de mais de duas décadas de criação intensiva. Ele que nas suas entrevistas reclama um quase total desprezo pelo comércio associado ao Design de interiores e evidencia o seu desinteresse pelas grandes mecas do consumo, reclama agora para si, o papel do grande manipulador de ideias e conceitos que servem de molde inspirador para o objecto, enquanto produto da criação.
Se é difícil eleger um astro maior entre estes 10 designers emergentes, não podemos deixar de destacar o trabalho do francês Sam Baron, que tudo desenha: desde o sofá para a Zanotta, ao tabuleiro de Sushi para a Ligne Roset, e que veio em 2009 juntar-se ao núcleo de novos designers responsáveis pelo “refresh” das novas peças que compõem a última colecção da portuguesa Atlantis /Vista Alegre.
Esta é uma das provas de que o mercado nacional começa a alargar horizontes, e a ficar permeável às influências trazidas pelos novos representantes do design internacional.