A estética ecológica é uma filosofia que extravasou as fronteiras da seleção de materiais naturais, e de baixo impacto, para contaminar a imagem exterior dos ambientes.
Os decoradores da QuartoSala têm assistido à ascenção do led na iluminação. Nos tecidos ou nos tapetes somos testemunhas da prevalência dos materiais naturais e do seu hábil cruzamento com as matérias sintéticas. No mobiliário brilha a imagem crua e a textura da matéria bruta acabada artesanalmente.
Assim se foi desenhando a nova estética ecológica no design de interiores. E hoje esta filosofia extravasou as fronteiras da seleção de materiais naturais, e de baixo impacto, para contaminar a imagem exterior dos ambientes. Tudo está mais depurado, e próximo da essência da matéria.
Os valores ecológicos enraizaram-se de tal forma nas sociedades atuais que a chamada ‘estética Eco’ está a condicionar transversalmente a criação dos designers. O que não é Eco deve parecer-se como tal.
E como chegamos até aqui?
A gestão equilibrada dos recursos naturais tornou-se um requisito prioritário em especial para uma geração mais nova de designers, militante das causas ecológicas e defensora da famosa política dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar, Reciclar.
O slogan pode ser moldado em três novos motes: Recuperar, Transformar e Respeitar a memória da matéria-prima no seu estado mais bruto. É o que faz o jovem designer/escultor da madeira Lars Zech. Árvores moribundas abatidas devido a doença ou velhice na floresta negra da Alemanha que são recuperadas e transformadas em peças de design, verdadeiros objetos escultóricos, espelho desta nova estética ecológica.
O acabamento industrial das peças, imaculado e perfeito, deixou de ser determinante. No mobiliário, as latas de verniz ficam na prateleira, em primeiro lugar para que não tivéssemos de lidar com o impacto negativo da sua reciclagem, e depois porque uma nova estética de ‘material inacabado’ ganhou de facto terreno.
A imagem metafórica que podemos usar é um ‘Work in progress’, como se uma peça de design em madeira natural ou recuperada, perpetuasse o material vivo, dando-nos a oportunidade de assistir ao longo dos anos à sua maturação, fruto da interação com o tempo.
Esta é uma filosofia que justifica uma maior atenção sobre marcas como a francesa Bleu Nature, que recolhe e trata a madeira que dá à costa, deixando à tona a toda a essência da matéria arriscando cruzamentos com outros materiais como o acrílico, a pele ou o acabamento lacado.
Temos como resultado uma nova estética ecológica a contaminar o design de interiores. O ferro ou o vidro cruzam-se com os materiais naturais que quando não o são, parecem ser.
E se nem toda a indústria se deixa reger por princípios mais evoluídos de consciência ecológica, fica pelo menos claro que vai aderindo a uma nova estética Eco que é cada vez mais transversal à área do design de interiores.