A dois dias das comemorações do 25 de Abril, fazemos uma reflexão sobre o design revolucionário e algumas das criações mais emblemáticas da história do design contemporâneo.
Os conceitos e formas originais em que se basearam, transformaram-nas em ícones do seu tempo, com uma longevidade que transcendeu o imediatismo da obra criada e que hoje as rotula de clássicos do design.Não é por acaso que a maioria dos exemplos representativos dessas novas formas tenha sido editada no final da década de 60, em plena revolução de mentalidades. O mundo ansiava por libertar-se da guerra, da repressão política, e ousava desafiar os poderes instalados.
Foi neste contexto de experimentação, próprio de quem queria ‘re-evolucionar’, trazendo à tona o que estava a fervilhar no interior de uma nova geração rebelde, que nasceram peças como a cadeira ‘Ball’ de Eero Arnio, ou o ‘Sacco’ do trio Franco Teodoro, Piero Gatti e César Paolini para a Zanotta, ou ainda o sofá ‘Bocca’ do estúdio 65 lançado em 1971 e reeditado no mercado em 2004 pela Heller.
Estes novos modelos apresentaram-se com formas redondas, completamente orgânicas, e cores brilhantes. Usaram e abusaram do plástico, inspirados pelo universo da ficção científica que então se começava a explorar.
O design que se produziu foi o espelho dessa mudança e por isso fez história, uma história que se continua a escrever agora em pleno século XXI quando assistimos à reedição de muitos destes modelos. São as próprias marcas que os lançaram há 40 anos que os colocam no mercado com novas roupagens, em alguns casos lançando edições comemorativas dos seus aniversários, como o caso do ‘Sacco’, noutros com peças novas que nascem da inspiração desses clássicos e que recuperam, sem qualquer melindre, os conceitos e os traços das originais.
A intemporalidade que é sinónimo dos clássicos, dita que o design revolucionário seja sempre evocado como um design do nosso tempo e que se enquadra numa decoração tão atual hoje, como seria em plena década de 60. Esta é a verdadeira revolução.