PT EN FR

Thinqs
Magazine

Design: Artesanal urbano

12/02/2009
Assistimos actualmente a um movimento de valorização e recuperação do trabalho manual, visível nos padrões, tecidos e técnicas aplicadas à decoração e design de interiores.

Assistimos actualmente a um movimento de valorização e recuperação do trabalho manual, visível nos padrões, tecidos e técnicas aplicadas à decoração e design de interiores.

  Lembre-se daquela sua amiga que, muito recentemente, pegou no novelo e agulha do trapilho da mãe e que com recurso a essa técnica manual tem em mãos um tapete para o quarto ou para a cozinha.   Este é um revivalismo a que estamos a assistir nos últimos tempos, especialmente em ambientes urbanos. Na história é conhecido como "Knitting movement", ou o movimento do tricô.   Sociologicamente esteve na base da discussão de alguns ideais humanistas entre as mulheres, em especial nos E.U.A e agora está a ser recuperado pelas mulheres urbanas, um pouco por toda a Europa.   A tendência está a ser seguida por marcas conceituadas como a italiana Moroso, que na vanguarda do design está a ditar a recuperação de um conceito ‘folk’, especialmente visivel em peças como sofás, bancos ou cadeiras.   É o caso estes "Waiting seats" inspirados na tradição indiana do fabrico de colchas. É no aspecto artesanal destas peças que reside o seu valor enquanto criação e design. Estamos a testemunhar um movimento de fusão que alia a última tecnologia do fabrico do mobiliário, ao acabamento artesanal das peças. Especial atenção é dada ao pormenor o que naturalmente valoriza a peça em si e a decoração onde ela se insere. Os protagonistas desta corrente pertencem a uma nova geração de criadores, grande parte dos quais asiáticos, que rompe com um certo classicismo associado ao design italiano.   Da aliança com o designer japonês Tomita Kazuhiko, a Moroso já viu nascer diversas peças como as mesas ‘Ukioe’, e mais tarde estas cadeiras 'Futon' que nos fazem lembrar aquele recanto na sala das nossas avós, onde se passava grande parte dos serões Esta tendência de decoração germina em pequenos grupos de mulheres urbanas que estão a voltar às origens e a pegar nos trabalhos manuais. A arte do tricô ou o "knitting" não se esgota no simples acto de tricotar uma colcha ou um tapete de lã. Quando organizado pode ser entendido como um movimento de intervenção social.   A sua última manifestação global culminou em Paris, em 2007, quando um grupo de mulheres deu por terminada uma viagem que tinha iniciado três anos antes em Montreal (Canadá) e que as levou a percorrer locais tão diversos como El Salvador, Nova Iorque ou a China, deixando marcas dos seus trabalhos pela cidade.   A transposição desta corrente para a decoração de interiores permite a que assistamos ao nascimento de cadeiras como a "Antibody" desenhada pela espanhola Patrícia Urquiola, também para a Moroso em 2006. O pormenor dos acabamentos, e o próprio design subjacente a esta peça, sustenta o conceito do trabalho manual e artesanal. Encontra algumas destas peças na QuartoSala.