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Decoração anti-global

21/03/2011
Numa sociedade em que temos tudo o que necessitamos, desejamos um objeto de design pelo prazer de o podermos chamar nosso. Nele projetamos uma grande parte das emoções que sentimos ou queremos sentir.

Numa sociedade em que temos tudo o que necessitamos, desejamos um objeto de design pelo prazer de o podermos chamar nosso. Nele projetamos uma grande parte das emoções que sentimos ou queremos sentir.

  Mas até quando devemos seguir este caminho? Há quem defenda que não será por muito tempo.   O atual paradigma de consumo revela um afastamento crescente das formas e comportamentos de consumo gratuitos e aponta-nos como caminho o regresso às origens e à nossa essência enquanto seres humanos.   É por isso, que neste contexto sócio económico, tendemos a procurar formas de consumo mais responsáveis. Procuramos um novo equilíbrio baseado nos valores essenciais da natureza, do bem-estar e do contacto com o mundo exterior.   Tudo será mais simples e estará fisicamente mais perto. A tendência é para que tenhamos em mente o impacto negativo de consumirmos produtos produzidos longe da nossa área geográfica, tentando reduzir ao máximo a pegada ecológica associada a cada ato de consumo.   Resultado desta vontade, o novo reposicionamento que aqui descrevemos reflete-se no interior das nossas casas projetando ambientes minimalistas, mas plenos de conforto.   Porque atribuímos um novo valor ao que realmente é fundamental, serão as formas simples e depuradas, os materiais naturais, como as madeiras nobres e as peles que irão ganhar importância no design de interiores.   As técnicas artesanais e de acabamento manual das peças são requisitos cada vez mais valorizados e fazem parte das exigências do atual perfil de consumidor.   Daí surgem propostas como a coleção de iluminação da dupla holandesa Daphna Isaacs e Laurens Menders. A ‘Tafelstukken collection’ é desenhada a partir de madeira de carvalho e cerâmica pintada. É uma edição limitada e resulta de uma tentativa de reduzir os objetos à sua essência, dando especial atenção aos detalhes. Foi apresentada na última edição do Salão Internacional de decoração, Maison&Objet.   A mesma busca por esta linguagem de regresso ao passado e às memórias dos materiais está também presente no trabalho de uma jovem designer britânica. Zoe Murphy edita em nome próprio desde 2008 peças de mobiliário personalizadas, recicladas diretamente dos anos 50, imprimindo-lhe motivos e cores relacionados com a zona onde nasceu e passou grande parte da sua infância.   O seu repto é: “Loving what belongs to you”, ou a ligação emocional com o passado refletida nas escolhas que fazemos e nas peças que conscientemente elegemos para nos sentirmos bem no interior da nossa casa, respeitando este novo paradigma de consumo.