Andrée Putman está para o design francês como Coco Channel estará para o universo da moda. Hoje com 85 anos, Putman é símbolo de um estilo depurado e algo minimalista, de extrema elegância e sofisticação e fortemente marcado por um carácter visionário.
Filha de uma pianista e de um professor, Andrée Putman cresceu no seio de uma família pertencente à alta burguesia francesa, com um contacto privilegiado com o mundo da arte. Aos 4 anos tinha como hábito a frequência de museus e concertos de música clássica. Aos 10 anos, com a irmã mais nova, tocava habitualmente para a família obras completas dos compositores clássicos.
Confessa que se sentiu desencorajada a prosseguir uma carreira no mundo da música pela professora de piano que a aconselhou a esperar uma década para saber se algum dia teria um futuro bem sucedido na música.
A influência de Putman no design de interiores começou como jornalista na década de 50, sendo editora de conceituadas revistas de design em França.
Casada com um critico de arte, em 1978 fundou a sua própria marca a que deu o nome de ‘Ecart’. Com ela ajudou a trazer para a ribalta nomes como o da irlandesa Eileen Gray, precursora do movimento modernista na arquitectura e no design de interiores do século XX.
A ‘Rainha do dammier’ ou do tabuleiro de damas, como muitas vezes é chamada, é obcecada confessa pelo jogo cromático do branco e preto, tantas vezes reproduzido no seu design como aconteceu no projecto de interiores da famosa casa de banho desenhada em 1984 para o Hotel Morgans, em Nova Iorque. A projecção do espaço tornou-se num ícone do seu trabalho, embora tenha contribuído para que alguma critica a tenha acusado de desenhar exclusivamente em branco e preto.
Putman recusou o rótulo, mas voltou ao branco e preto em 2008 com o piano ‘Voie lactée’ para a Pleyel, a mais conceituada marca francesa de pianos.
Andrée Putman teve sempre o desejo de fazer peças intemporais e acessíveis a um maior número de pessoas, como confessou numa entrevista : “O estilo não tem nada a ver com o dinheiro, e sim com um ideal de harmonia e personalização do espaço”.
Recentemente assistimos a uma retrospectiva do trabalho de Putman, numa exposição patente no Hotel de Ville, em Paris, com o nome de ‘Andrée Putman: Ambassadrice du style’
“I love the beautiful and the useful, and even better, the beautiful within the useful”, Andrée Putman