Depois de estar em voga nos anos 60 e 70, o móvel “capitoné” está de novo na moda. O efeito “capitoné” é conseguido através de um elaborado sistema de pregas confecionado em tecidos, quando aplicados em móveis estofados.
Tradicionalmente associado às cabeceiras das camas e aos tampos de cadeiras e encostos das poltronas, o mobiliário em “capitoné” inspira conforto e opulência através de um elaborado efeito de profundidade nas superfícies estofadas.
Se nos móveis mais clássicos, como as tradicionais “bergères” ou outros móveis de estilo, este sumptuoso efeito confere coerência e riqueza, a sua utilização em móveis de inspiração contemporânea pode ser o quanto basta para uma dose certa de subversão e cruzamento de estilos.
A utilização do “capitoné” tal qual o vemos mais correntemente remonta longe no tempo, mas o seu uso tem alternado entre doses maiores ou menores adaptando-se a todos os estilos.
Se hoje estamos longe dos excessos de ornamentação e necessidades de conforto associados ao estilo victoriano, devemos no entanto constatar que o “capitoné” esteve muito presente ao longo do século XX.
Mesmo para Mies Van Der Rohe, o famoso arquiteto que desenhou a cadeira Barcelona, que viria a tornar-se num dos mais incontornáveis ícones da história do mobiliário do século XX, a utilização do “capitoné” foi o elemento que conferiu o aspeto de conforto necessário, temperado com a frieza da sua estrutura em aço curvado.
Depois de atravessarmos os anos 90 em que o “capitónné” foi visto como sinónimo de excesso de ornamentação, eis que assistimos a uma emergência desta tendência.
Das cabeceiras das camas aos assentos e costas dos sofás, o “capitoné” é o fio condutor que valida e confere intemporalidade às criações mais ousadas.
Se Philippe Starck tem ao longo da sua carreira “flirtado” com bastante humor, com a utilização do “capitoné” nas suas criações, este ano voltou a afirmar a sua desmesura ao desenhar móveis estofados em capitoné para a Driade e Cassina.
A desmesura aparece aqui como um sinal de luxo e de afirmação de um imaginário em que se valoriza a mestria do “feito à mão”, tendo como base um conhecimento herdado e executado pelos melhores artesãos.
Enquanto designers como Patrícia Urquiola exprimem o seu “savoir faire” reinventando novas técnicas aplicadas a indústria do estofo, Philippe Starck mantém-se firme numa perspetiva de recuperação das técnicas mais tradicionais.
Marcadamente tradicional ou irreverentemente inventivo, o “capitoné” instala-se agora nas nossas casas, valorizando uma arte que se renova e se coloca ao alcance de todos.